O que explicaria – ou justificaria – o patamar de 62% de reprovação do Governo Rosalba Ciarlini (DEM), em Natal, num curto espaço de apenas 14 meses? As linhas de raciocínio mais ouvidas situam-se nos extremos da passionalidade, em que escasseia o bom senso e sobram destemperos e argumentos frágeis.
Rosalba atinge um índice incomum em termos de impopularidade, no maior e mais representativo colégio eleitoral do estado. E nada é por acaso. Ela supera até mesmo a prefeita Micarla de Sousa (PV) em avaliação, num comparativo com igual período de gestão dela.
Rosalba prefere apontar Wilma (e Iberê) como culpados. Os mais simplistas e míopes, optam por não questionar os números e, sim, justificá-los pelo ângulo de uma caricata xenofobia coletiva e maciça do natalense, que hostilizaria o mossoroense - personificado em Rosalba, que nasceu em Mossoró. Tudo seria reflexo de intolerância.
É um argumento extremamente frágil, que tenta embaciar os fatos e distorcer a realidade. Cria-se um escudo protetor à Rosalba, na ânsia de mantê-la imune às suas próprias fraquezas como administradora. A culpa é sempre de alguém ou de algo. A ex-prefeita é tratada pateticamente como uma divindade infalível.
Rosalba nunca é vítima. Se existe vítima, a vítima é a sociedade, que até agora se pergunta quando vai começar a sua gestão e quais seus projetos de governo. Seu governo é medíocre. Ruim, não. Medíocre mesmo.
O natalense não pode carregar esse fardo, porque a culpa não lhe cabe. Afirmar-se que o povo de Natal tem ojeriza a Rosalba, numa transferência atávica de menosprezo por Mossoró, chega a ser infantil. Não se deve elevar à grau de importância, pinimba que fica mais no campo do folclore.
Vale lembrar que Rosalba foi eleita ao Senado em 2006 e ao Governo do Estado em 2010, atropelando seus adversários até mesmo em Natal. A capital potiguar ajudou sobremodo nas duas vitórias consagradoras da mossoroense. Cadê a hostilidade? Inexiste.
Uma série de medidas impopulares, a ausência de projetos e ações de governo, além de uma pregação que traz à tona um “complexo de transferência de culpa”, deixam Rosalba à semelhança da prefeita.
E o descontentamento não é localizado, é por todo o Rio Grande do Norte. Em alguns municípios em que ela teve vitória com folga, o cenário de conceito popular ao seu governo é inversamente proporcional.
O que ocorre em Natal tem eco maior, devido a própria dimensão do município como núcleo político-administrativo e social do estado. Natal não é uma ilha. É o que há de mais visível e palpável de rejeição ao modelo e métodos adotados pela gestão Rosalba Ciarlini.
Rogério Dias Xavier
Rogério Dias Xavier
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