O colunista da Folha de São Paulo Josias de Souza escreveu em sua coluna sobre Lula:


Aumentou a taxa de otimismo de Lula em relação às chances de vitória de Dilma Rousseff na sucessão presidencial de 2010.

Em privado, o presidente diz que Dilma “pegou o jeito” de candidata. E avalia que a campanha de José Serra “perdeu o rumo”.

Acha que, ao vincular o PT ao narcotráfico, o vice de Serra, Índio da Costa (DEM), empurrou o rival tucano para uma radicalização que o prejudica.

Lula andava incomodado com Serra. Enxergava o discurso acomodatício do adversário de Dilma como uma “jogada inteligente”.

Além de poupá-lo de críticas, Serra vinha escorando a campanha na promessa de manter e ampliar os programas que funcionam no governo.

Depois do “efeito Índio”, imagina Lula, ficou mais difícil para Serra dissimular a condição de candidato de oposição.

Tomado pelo que disse nas últimas horas, o presidente planeja realçar a presença do DEM na chapa de Serra. Quer que o PT faça o mesmo.

Para Lula, ao sair da sombra, Índio, "um vice despreparado", grudou na imagem “progressista” que Serra tenta passar o contraponto conservador do “PFL”.

O presidente só se refere ao partido aliado de Serra pelo nome antigo. Recusa-se a chamar o ex-PFL de DEM.

Chegou o momento, segundo diz, de recordar o radicalismo com que os ‘demos’ se opuseram ao seu governo no Congresso.

Cita a derrubada da CPMF. Recorda que o PSDB esteve na bica de fechar um acordo que destinaria toda a arrecadação do tributo à saúde.

Debita o envenenamento do quase-acordo à ação do “PFL”. E pergunta: como o Serra, ex-ministro da Saúde, vai explicar?

Lula repete um mantra que ouve dos marqueteiros desde 2002, quando ainda era assessorado por Duda Mendonça: baixaria não dá votos, tira.

Viu nas últimas declarações de Dilma –“Não vou rebaixar o nível”— um acerto.

Mantém a ideia de avocar para si a tarefa de “desconstruir” o discurso continuísta de Serra.

Algo que pretende fazer, sobretudo, na propaganda de televisão. Vai ao ar a partir de 17 de agosto. Mas Lula já começou a gravar.

Lula repete entre quatro paredes algo que dissera a José Sarney há duas semanas. Ele soa convencido de que é grande a chance de Dilma prevalecer no primeiro turno.

Nesta semana, virão à luz os resultados de novas pesquisas de opinião. Vai-se saber, então, se o otimismo de Lula já tem respaldo estatístico.

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