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terça-feira, 25 de junho de 2013

Não choquem o ovo da serpente

Nas ruas país afora estão os que querem mais. Mais democracia, mais cidadania, mais participação, mais avanços. E é essa multidão em movimento que será responsável pelas mudanças que estão por vir. Disso não tenho a menor dúvida.

E no meio dessa multidão formada por quem acordou agora e por quem há anos está acordado e nas ruas deste país, também circulam uma minoria que sempre esteve à espreita e choca o ovo da serpente. Violenta, racista, homofóbica, anti-democrática.

Esta minoria é a que agride militantes partidários, dirigentes sindicais, militantes organizados dos movimentos sociais e promove a baderna e a depredação. E, lamentavelmente, recebe os aplausos de setores da mídia. Indisfarçável o regozijo com que se noticia que a bandeira de tal ou qual partido foi queimada!

Nas redes se propaga um discurso que as manifestações são contra os partidos e a política e, por isso mesmo, os militantes partidários não podem estar presentes. E este tipo de discurso ganha a adesão de quem conhece pouco a história do Brasil e do mundo.

A saída para o momento que vivemos é eminentemente POLÍTICA. Política renovada, mas política. O caminho oposto é o fascismo, é a ditadura.

E a política é atributo dos partidos. Que os partidos estão sendo questionados pelas atuais manifestações, é fato. Inclusive o meu querido PT. Mas os partidos, todos eles (de direita, de centro, de esquerda, do escambau) são instrumentos que impedem a vitória da barbárie fascista e ditatorial.

A sociedade brasileira avançará se mais e mais instituições políticas e organizações da sociedade civil se fortalecerem, se modernizarem, se renovarem. E não o contrário. A maior contribuição das atuais manifestações será a de obrigar que nossas organizações e instituições políticas se renovem, se reformulem, se revolucionem.

De minha parte, estarei sempre nas ruas porque é de lá que venho. E lembrando sempre de onde venho, sei onde estou e pra onde vou. E não irei sozinho. Irei com aqueles/aquelas que sempre lutaram e lutam contra a barbárie obscurantista.

A quem, por conhecer pouco a nossa história, agride militantes partidários e dos movimentos sociais e jornalistas, ofereço Brecht:

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


Deputado Fernando Mineiro (PT)

Um comentário:

Fábio Oliveira disse...

Será que esse movimento que se alastrou no Brasil afora não quer o envolvimento dos partidos políticos pelo fato dessas manifestações não ser de "origem" partidária? E com isso, o desgaste e os descréditos dos partidos acabaram realmente sendo motivo para tal retaliação?

Também se deve ao fato dos partidos tentarem se promoverem em cima de algo que não foi deles. Claro que a força partidária é muito importante para todos nós, mas já faz muito tempo que partido político algum não levanta a bandeira em prol das classes menos favorecidas, além do mais, as alianças políticas de certa forma viraram uma banalização, onde não existem mais esquerdistas no que diz respeito ao contexto fundamental da palavra.

Em se tratando dos atos de violência e realmente uma minoria bem inferior, são os que prejudicam a imagem da grande massa dos manifestantes que lutam por um Brasil melhor, devemos salientar também que na ditadura, época que de forma alguma não pode voltar, tiveram atos de vandalismos tanto quanto hoje, pelos manifestantes contra o regime, até mesmo saques e invasões aos comércios para financiar as organizações e partidos contra a ditadura, e nem por isso tiraram os méritos desse povo que também como nós fizeram história no Brasil como um povo que lutou e continua lutando pelo melhor para a Nação.

Essas manifestações apartidárias podem ser pela vontade do povo de diminuir o poder dos partidos, pelos seus descréditos perante a população, com disse Joaquim Barbosa – presidente do STF:

"Há sentimento difuso na sociedade brasileira e eu, como cidadão, penso assim, [que] há vontade do povo brasileiro, principalmente os mais esclarecidos, de diminuir ou mitigar o peso – volto a dizer, diminuir ou mitigar e não suprimir –, o peso dos partidos políticos sobre a vida política do país. Essa parece ser uma questão chave em tudo que vem ocorrendo no Brasil”.

"A sociedade brasileira está ansiosa de se ver livre desses grilhões partidários que pesam sobre o seu ombro. E isso é muito salutar", declarou Joaquim Barbosa.